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Scot Consultoria

O boom do leite UHT no Brasil


Terça-feira, 19 de junho de 2012 - 18h17

Zootecnista pela USP – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA).


O  leite UHT (Ultra High Temperature - temperatura extremamente alta) é o leite homogeneizado que foi submetido, durante 2 a 4 segundos, a uma temperatura entre 130ºC e 150ºC, mediante um processo térmico de fluxo contínuo, imediatamente resfriado a uma temperatura inferior a 32ºC e envasado sob condições assépticas em embalagens estéreis e hermeticamente fechadas.


O leite envasado sob estas condições (UHT) pode ser armazenado em temperatura ambiente por meses.


O leite UHT foi introduzido no Brasil na década de 70, e até o início da década de 90 representava menos de 10,0% do mercado de leite fluído.


Atualmente, representa 83,4% do consumo de leite fluido no país. A tendência é que a participação do leite longa vida aumente.


Observe na figura 1 o crescimento do consumo de leite UHT no Brasil.



No Brasil, o leite UHT ganhou espaço na cesta de compras dos consumidores, pois apresenta vantagens em relação ao leite pasteurizado ou "leite de saquinho".


O leite pasteurizado é submetido a tratamento térmico na faixa de temperatura de 72ºC a 75ºC durante 15 a 20 segundos, em equipamento de pasteurização a placas, seguindo-se de resfriamento imediato até temperatura igual ou inferior a 4ºC e envase em circuito fechado sob condições que minimizem contaminações. 


As vantagens do leite UHT em relação ao pasteurizado são:- redução no custo de transporte, por possuir uma embalagem de fácil armazenamento, a qual suporta maior peso e ocupa menor espaço (devido ao seu formato).


É usual o armazenamento em pallets. E também, não precisa de refrigeração;


- praticidade para o consumidor, que pode adquirir leite para períodos maiores (maior tempo de prateleira do leite longa vida em relação ao pasteurizado);


- os laticínios conseguem aumentar a área de atuação, vendendo o produto para mercados distantes.


Comparação Brasil e Austrália

Em outros países, como na Austrália, o mercado de leite fluido é diferente. E isso ocorre por vários motivos. 
Entre eles está a duração do leite pasteurizado na prateleira, que ultrapassa uma semana, enquanto que no Brasil é de três dias.


Isso se deve à quantidade de microrganismos iniciais do leite. 


O que ocorre é que a pasteurização é um processo de redução da carga microbiana, ou seja, quanto menor for a carga microbiana inicial, menor será a carga microbiana final, o que faz com que o tempo de prateleira do produto seja superior, no caso da Austrália. 


E o principal responsável pela carga microbiana do leite são as condições de higiene e sanidade na ordenha.


Na Austrália o leite pasteurizado é comercializado em garrafas plásticas de um, dois e três litros. 


Observe na figura 2 a participação do leite UHT na Austrália.



Países que possuem um consumo per capita de lácteos elevado, como Finlândia, Irlanda, Inglaterra e Holanda também não possuem tradição de consumo de leite UHT. 


Já na França, o mercado de UHT é responsável por 95,0% das vendas. Isso se deve a uma maior aceitação dos consumidores a esse tipo de leite.


E qual a tendência?


A tendência é que o leite UHT ganhe espaço no mundo, mas há ainda mitos que fazem com que os consumidores prefiram o leite pasteurizado*. Exemplos são que a caixa seja reciclada ou reutilizada e que há conservantes prejudiciais à saúde no leite por isso ele dura tanto tempo sem refrigeração. 


Há também quem prefira o leite pasteurizado alegando que seja mais saboroso. Isto se deve ao sabor de "cozido" que o processo de UHT confere ao produto. 


Nos últimos cinco anos o consumo de leite UHT no mundo cresceu entre 3,0% e 4,0% ao ano. As expectativas são de que, em 2012, o leite UHT corresponda a 72,0% do consumo mundial de leite fluido. 


*O UHT também é um processo de pasteurização, entretanto, comercialmente usa-se a denominação de leite pasteurizado e leite UHT. Chama-se também o pasteurizado de barriga mole ou leite de saquinho, mas é possível encontrá-lo em garrafas.


Colaborou Rafael Ribeiro, zootecnista e analista da Scot Consultoria.



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